Um estudo feito pelo Hospital Universitário Homerton, em Londres, apontou que fazer acupuntura pode dobrar as chances de uma mulher engravidar por meio de fertilização in vitro. As informações são dos jornais britânicos “Daily Mail” e “The Telegraph”. Especialistas em fertilidade disseram que os resultados foram interessantes estatisticamente.
O estudo realizado pelo Hospital Universitário envolveu 160 casais que sofriam de problemas de fertilidade. Metade foi designada para ter quatro sessões de acupuntura durante o ciclo de fertilização in vitro.
"O tratamento de fertilidade é estressante e pode ser bastante útil ter uma terapia que os relaxe"
Dr. Adam Balen
Um ano depois, aqueles que se submeteram à prática antiga, envolvendo agulhas finas, alcançaram taxas de gravidez de 46,2%. Entre os que não tiveram, as taxas de gravidez foram de apenas 21,7%.
O Dr. Adam Balen, presidente da British Fertility Society, descreveu as descobertas como "muito interessantes".
Ele disse: “Não há dúvida de que quando as pessoas recebem acupuntura, isso pode parecer uma dimensão extra de apoio. O tratamento de fertilidade é estressante e pode ser bastante útil ter uma terapia que os relaxe.
Stuart Lavery, ginecologista do Hospital Hammersmith, disse que muitas mulheres que sofrem tratamento de fertilidade estavam interessadas em terapias alternativas.
"Há uma demanda paciente e um interesse do paciente no campo da acupuntura e, provavelmente, na área da medicina tradicional chinesa em geral, mas a área é, infelizmente, carente de rigorosa avaliação prospectiva randomizada".
PESQUISAS NO BRASIL
A Dra. Daniela Isoyama Manca di Villahermosa (2012), defendeu sua tese de mestrado que versou sobre a influência da acupuntura nos resultados da fertilização in vitro em casos de falha de implantação embrionária.
Ela avaliou a eficácia da acupuntura como tratamento complementar em mulheres submetidas à FIV, em casos de falha de implantação embrionária, no Setor de Reprodução Humana da Faculdade de Medicina do ABC.
Foi realizado ensaio clínico com 84 pacientes inférteis e com falha de implantação embrionária, submetidas a nova FIV. As pacientes foram divididas em três grupos: controle (n=28), sham ("simulação"; n=28) e acupuntura (n=28). Foram avaliadas as taxas de gravidez através da dosagem sanguínea de ßhCG e posterior ultrassonografia. O tratamento por acupuntura foi realizado no primeiro e no sétimo dia da indução da ovulação, no dia anterior à punção ovariana e no dia posterior à transferência embrionária.
No grupo acupuntura foram usados os pontos: B18, B22, B23, B52, VC3, VC4, VC5, VC7, VG4, CS6, R3, R6, R7, R10, F3, BP4, BP6, BP10, E40, P7 e Zigong.
No grupo sham as agulhas foram inseridas em áreas não correspondentes a pontos de acupuntura conhecidos.
A taxa de gravidez clínica no grupo acupuntura foi significativamente maior que nos grupos controle e sham (35,7% vs 7,1% vs 10,7%; p=0,0169).
A pesquisa concluiu que a acupuntura atua aumentando as taxas de gravidez quando utilizada como tratamento complementar em mulheres submetidas à FIV em casos de falha de implantação embrionária.
Para nossa sorte, a acupuntura é uma técnica muito difundida no Brasil. Isso faz com que os pesquisadores locais tenham especial interesse em estuda-la em diferentes cenários. A FIV é um deles.
MECANISMO DE AÇÃO DO PONTO DE VISTA OCIDENTAL
O principal mecanismo, explicam os especialistas, é o aumento do fluxo sanguíneo na região uterina. Os pontos estimulados pelas agulhas provocam vasodilatação principalmente nos órgãos da pelve, aumentando o fluxo de sangue do útero e dos ovários durante o tratamento de fertilização, principalemtne meia hora antes da transferência embrionária para o útero, e 30 minutos depois dela.
No dia da transferência, a sessão de Acupuntura é voltada para implantação dos embriões. O recomendado, porém, é que as pacientes procurem a acupuntura antes de iniciar a FIV.
A técnica ajuda a controlar a parte emocional e age no equilíbrio hormonal, favorecendo a fertilização desde o início.
Ao aumentar o fluxo sanguíneo do ovário, melhora-se a qualidade dos óvulos. O aumento do fluxo de sangue no útero, por sua vez, favorece o endométrio. "Hoje, podemos dizer que a técnica realmente aumenta a possibilidade de fertilização.
A baixa qualidade do endométrio é uma das múltiplas causas de infertilidade na mulher. O endométrio é a camada que reveste a parede interna útero , a mesma que descama durante a menstruação, e onde o embrião se fixa para se desenvolver. Para que a fecundação ocorra, é preciso que o endométrio não seja irregular, nem fino.
Ele é igual a uma cama. Se for bagunçada e desconfortável, ninguém terá prazer em deitar nela. Agora, se for aconchegante e quentinha, repleta de cobertores, todo mundo vai querer. Melhorando o fluxo sanguíneo, melhoramos o endométrio.
O endométrio “confortável” é fundamental para tornar a fecundação possível. Na FIV, não adianta ter espermatozóides de boa qualidade se o endométrio não é bom. O tratamento pode ser usado para qualquer tipo de infertilidade, seja ela masculina ou feminina, é sempre feito na mulher.
Para as mães que deram rosto às estatísticas, a crença é de que foi a Acupuntura a responsável pelo "empurrãozinho extra" que faltava. O que foi inicialmente medida de desespero, hoje, é sinônimo de sucesso.
“A gestação está até mais tranquila graças a acupuntura. Não sinto enjôos e estou calma, extremamente feliz, à espera dos meus tão desejados bebês”, revela L. T
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe neste espaço seu comentário!